Hoje venho falar sobre esse importante conceito discursivo que é a «posta de pescada» que muito me tem interessado ultimamente, não só porque elas têm andado a voar por aí, mas também porque são um óptimo exemplo dos aspectos de que falei.
Eu tenho um grande defeito, sou daquelas pessoas que quer saber sobre tudo, e depois não sabe sobre nada. Num minuto estou determinada a fazer tudo e mais alguma coisa, e no outro, já não quero saber.
Ao longo do tempo já estudei carros, aviões, futebol, computadores, electricidade, armas, filosofia, treino desportivo, história, ciência política, economia, russo, alemão, e a lista podia continuar, mas, como já disse, farto-me rápido.
E alguém diz: «Epá, impressionante.»
E eu respondo: «Neh, nem por isso.»
A única coisa para que isto serviu foi para gastar dinheiro e, para, de vez em quando, mandar umas postas de pescada que impressionam quem não me conhece. É uma arte que eu domino, mandar postas de pescada, se houvesse uma licenciatura para isso, eu já a tinha (por equivalências, claro).
Fingir que se sabe de uma coisa que não se sabe, é uma arte. Se se for ao pote com muita sede, não só corremos o risco de ser apanhados como corremos o risco de toda a gente perceber que nos estamos a armar em espertos. Debitar informação da Wikipédia toda a gente sabe, o que muita gente não domina é a arte de seleccionar a informação e de a guardar para o momento correcto.
Aqui vai então o meu
Manual rápido para fingir que se sabe de tudo, quando não se sabe de nada
1. Recolher e seleccionar a informação
Hoje em dia temos tanta informação ao nosso dispor que se torna difícil impressionar alguém. Para o propósito, informação superficial não interessa.
Interessam coisas do tipo:
- Jargão de comunidades mais ou menos exclusivas
- Detalhes da mecânica de vários tipos de máquinas
- Marcas e modelos de vários tipos de máquinas
- Factos insignificantes que tenham ocorrido, pelo menos, vinte anos de nascermos (guerras e acontecimentos históricos não contam, saber quando o Homem chegou à Lua não tem piada)
- Premonições (este é o melhor tipo, consiste em fazer previsões para o futuro que parecem ser baseadas num estudo extensivo das variáveis, mas que, na verdade, se leu no Guia Astrológico para 2013)
2. Apresentar essa informação
É aqui que se pode ver o nosso conhecimento linguístico e interaccional a funcionar em toda a sua grandeza.
Na análise da conversação, a maneira como a vez passa de um falante para o outro chama-se «gestão de turnos» (do inglês turn management). Quando uma pessoa está numa conversa manda ao seu interlocutor sinais de que quer a vez para falar, como, por exemplo, endireitar o tronco e chegar-se para a frente, uma respiração profunda, etc. Isto é tudo aquilo que vocês não querem, é entrar na conversa delicadamente. Se o fizerem, provavelmente as pessoas vão parar para vos ouvir falar e é quase certo que BUSTED!
Pelo contrário, devem ser o mais abruptos possível de modo a marcarem presença, mas não captarem a atenção, entrando assim, de certo modo, no inconsciente dos vossos sujeitos.
A posta de pescada configura-se assim como espécie de «toca e foge» conversacional, uma manobra arriscada que não aconselho a tentar sem a ajuda de profissionais.
Na análise da conversação, a maneira como a vez passa de um falante para o outro chama-se «gestão de turnos» (do inglês turn management). Quando uma pessoa está numa conversa manda ao seu interlocutor sinais de que quer a vez para falar, como, por exemplo, endireitar o tronco e chegar-se para a frente, uma respiração profunda, etc. Isto é tudo aquilo que vocês não querem, é entrar na conversa delicadamente. Se o fizerem, provavelmente as pessoas vão parar para vos ouvir falar e é quase certo que BUSTED!
Pelo contrário, devem ser o mais abruptos possível de modo a marcarem presença, mas não captarem a atenção, entrando assim, de certo modo, no inconsciente dos vossos sujeitos.
A posta de pescada configura-se assim como espécie de «toca e foge» conversacional, uma manobra arriscada que não aconselho a tentar sem a ajuda de profissionais.